O que é e como funciona um ecossistema de inovação

por | 06-04-23

Quando falamos em ecossistema, logo pensamos nas relações biológicas do conjunto de seres vivos… Mas essa descrição também pode ser análoga a um ecossistema de inovação, já que muitas conexões ocorrem dentro dele, assim como nas relações da natureza.

Ecossistemas de empreendedorismo e inovação estimulam a interação entre diversos setores de uma organização e também efetivam o diálogo entre corporações. Além disso, favorecem o compartilhamento de informações, dados e experiências, e contribuem para o aceleramento de startups, por exemplo.
Ou seja, são vantajosos para todos os envolvidos, uma vez que o ciclo de recompensa é mútuo.

Muitos ecossistemas de inovação já são bem famosos mundialmente, e talvez você nem saiba que já conhece alguns deles. O Vale do Silício, nos Estados Unidos, por exemplo, é um caso. O local é sede das 50 empresas mais inovadoras e eficazes do planeta.

No texto a seguir, você poderá entender um pouco mais sobre ecossistemas de inovação, suas diferentes abordagens e exemplos. Confira!

O que é um ecossistema de inovação

Um ecossistema de inovação é um sistema formado por diversos elementos que criam um ambiente propício para o surgimento de novas ideias, inovações, empreendedorismo e negócios.

Instituições governamentais, universidades, empresas, cooperativas, hubs de inovação, incubadoras, parques tecnológicos, associações, fundos de venture capital: todos esses componentes transformam ambientes em pólos criativos e conseguem impulsionar o resultado de empresas e cooperativas, além de promover novos talentos.

Dessa forma, ao estimularem a interação e a cooperação, os ecossistemas integrados impulsionam a criação de valor no futuro por meio de pessoas mais capacitadas e ideias inovadoras.

Como funciona um ecossistema de inovação

Os ecossistemas de inovação são formados por organizações e tudo que as cercam, como fornecedores, clientes e colaboradores. Com o tempo, os membros desenvolvem suas capacidades e funções e tendem a se alinhar com as direções estabelecidas por uma ou mais empresas centrais.

Em um ecossistema de inovação bem sucedido, os atores se unem para criar um ambiente colaborativo e inovador, em que todos trabalham juntos e compartilham resultados em comum. Desse modo, uma intensa troca de experiência é proporcionada.

A comunidade valoriza o líder do ecossistema, pois ele permite que seus membros avancem em direção a visões compartilhadas para alinhar seus investimentos e encontrar papéis de apoio mútuo. Além disso, stakeholders, isto é, partes interessadas das instituições, direta ou indiretamente, também formam o ecossistema.

Esse sistema também compreende locais onde acontecem rodadas de negócios, brainstorming para projetos, rodadas de negócios e outras iniciativas que promovem a inovação.

As corporações podem participar dos ecossistemas de formas diversas: seja por meio do patrocínio a alas e prédios em hubs ou universidades, ou ao criar desafios corporativos e hackathons. De todo modo, a empresa será lembrada e beneficiada independentemente do volume de tempo e dinheiro investido.

Todos os ecossistemas interagem e são afetados positiva ou negativamente pelas ações uns dos outros, de acordo com o nível de interação e influência entre eles.

Diferentes abordagens no estudo dos ecossistemas

Diversas abordagens já foram utilizadas para o estudo dos ecossistemas. O modelo de tripla-quádrupla hélice, por exemplo, é tradicionalmente utilizado como uma estrutura para promover a inovação aberta e outros mecanismos inovadores.

Apesar de ser o modelo ainda mais difundido atualmente, ele é ineficiente para tentar aprofundar a compreensão das dinâmicas complexas que ocorrem nos ecossistemas de inovação modernos.

A tripla-quádrupla hélice provou ser uma facilitadora da colaboração entre os setores econômicos a curto prazo. Entretanto, ela fornece uma perspectiva limitada do próprio ecossistema, uma vez que não enfatiza as funções que os atores desempenham.

Já o modelo de ecossistema baseado em atores enfatiza que os empreendedores sociais devem não apenas entender o ambiente em que trabalham, mas também alterar esses ambientes para apoiar seus objetivos. Para isso, utiliza-se a ferramenta de mapeamento como meio para sondar esses ecossistemas e auxiliar na troca de relações.

Nesse sentido, uma das metodologias utilizadas é a TE-SER, que, além de considerar os atores, também leva em conta os papéis, valores e a categorização na qual eles estão inseridos.

Esse modelo foi alcançado a partir de propostas que partem da sociologia, como teoria dos jogos, análise de redes sociais, dinâmica social, antropologia social e dinâmica empresarial. Além disso, é combinado com ferramentas da ciência empresarial (teoria da segmentação de mercado, inteligência de negócios, estratégia de negócios, entre outros).

Quais atores integram um ecossistema de inovação

No modelo tradicional, de tripla-quádrupla hélice, os atores do ecossistema são classificados em universidade, governo, setor privado – e sociedade civil organizada sendo adicionada nos últimos anos como a quarta hélice.

Já o modelo TE-SER, que considera atores, papéis, valores e os categoriza, possui uma classificação mais ampla:

  • Empreendedores Inovadores: Em geral, são startups e negócios inovadores de empresas e cooperativas estabelecidas (spin-offs), e estão no centro do ecossistema, com os demais atores apoiando seu desenvolvimento.
  • Habilitadores: Fornecem recursos variados para o desenvolvimento de novos projetos e apoiam o ingresso de novos atores no ecossistema. Podem ser incubadoras e aceleradoras, fundos de investimentos, centros de formação, consultorias, entre outros.
  • Conectores: Conectam empreendedores e demais atores do ecossistema gerando relacionamentos, atuações conjuntas e compartilhamento de conhecimento. Exemplos: câmaras empresariais, conselhos setoriais, redes de organizações e hubs.
  • Articuladores: Organizações públicas ou privadas que criam e executam políticas públicas de incentivo à inovação, como secretarias, ministérios e organizações governamentais. Também podem proporcionar espaços e plataformas para a interação dos atores.
  • Geradores de Conhecimento: Instituições de pesquisa e desenvolvimento responsáveis por gerar conhecimento, como universidades, centros de pesquisa empresariais e departamentos de pesquisa, desenvolvimento ou inovação.
  • Promotores: Disseminam iniciativas inovadoras para apoiar o crescimento do ecossistema e a difusão da cultura de inovação. Contam as histórias e dão visibilidade a essas iniciativas, como os meios de comunicação em geral.
  • Comunidades: Organizações da sociedade civil, muitas vezes surgidas informalmente, que colaboram espontaneamente entre si agregando dinamismo ao ecossistema, como o caso de comunidades de empreendedorismo.

Exemplos de ecossistemas famosos

Como mencionamos anteriormente, o ecossistema de inovação mais famoso do mundo é o Vale do Silício, na Califórnia. Ele é berço de grandes empresas como Facebook, Google e Apple, e também abriga duas das mais importantes universidades do mundo: a Universidade de Stanford e a Universidade da Califórnia.

Dentre as 50 empresas mais inovadoras e eficientes do planeta instaladas na localidade, estão também as organizações conhecidas como unicórnios – startups com valor estimado de mais de 1 bilhão de dólares.

Israel também é um bom exemplo de ecossistema de inovação mundialmente conhecido. O país concentra muitas startups, empresas de base tecnológica que oferecem produtos e serviços inovadores. Também possui alto potencial de crescimento ao atender demandas sem perder qualidades que lhe agregam valor.

Mas o que muitos não sabem é que no Brasil também temos exemplos de ecossistemas de sucesso. Curitiba é um deles. A capital do Paraná é a única cidade brasileira entre os ecossistemas emergentes mais promissores do mundo.

O Rio Grande do Sul também é um polo de inovação brasileiro. O parque científico e tecnológico Tecnopuc, da PUC-RS, abriga centenas de organizações. Além disso, estimula a colaboração entre universidades, empresas e poder público.

Campinas, em São Paulo, não fica para trás. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) é modelo na educação do Brasil, e sua liderança atrai grandes empresas e pesquisadores para projetos inovadores na região.

Conclusão

Para finalizar, temos algumas questões para você que é do cooperativismo:

  • Você sabe qual o tamanho do ecossistema de inovação cooperativista no Brasil?
  • Quantas startups cooperativas existem no país?
  • Quais são os novos negócios criados por cooperativas?
  • Quem apoia o empreendedorismo cooperativo e como o faz?

São muitas perguntas e poucas respostas, não é mesmo? E é para respondê-las que criamos o RadarCoop, um mapeamento inédito para encontrar os atores e estruturar esse ecossistema. A iniciativa é uma realização da Coonecta com o Complexo.lab, e conta com apoio da Sicredi Pioneira e do Sicoob Credicitrus.

É a partir do mapeamento do RadarCoop que a Coonecta e o Complexo.lab irão promover uma série de ações para gerar adensamento no ecossistema e apoiar as cooperativas a se inserirem na economia digital. Fique ligado no cronograma!

Gustavo Mendes

Por Gustavo Mendes

Cofundador da Coonecta, especialista em curadoria de conteúdo para educação corporativa e marketing de conteúdo, palestrante e mentor em: inovação, cooperativismo de plataforma, cooptechs e empreendedorismo cooperativo.