O AceleraCoop, um projeto inédito de aceleração de cooperativas, foi lançado com um evento na Casa Cooperativa, em Nova Petrópolis-RS. A iniciativa é realizada pelo Complexo.lab by Sicredi Pioneira, com correalização da Coonecta e apoio da Innoscience. Somente cooperativas associadas à Sicredi Pioneira podem participar desta primeira edição.
O AceleraCoop almeja impulsionar o impacto positivo que o cooperativismo tem nas comunidades. Para isso, 4 cooperativas vão ser escolhidas para um processo de aceleração e mentoria elaborado especialmente pensando no modelo cooperativista. Outras informações estão no site do AceleraCoop.
“Nós queremos apoiar as cooperativas aceleradas para desenvolver a região”, conta Thiago Pandolfo, head de inovação do Complexo.lab. Esse processo é feito por meio da inovação, que “não precisa ser tecnologia, mas uma ideia diferente”.
Além de Pandolfo, o evento contou com a participação de Solón Stapassola Stahl, diretor-executivo da Sicredi Pioneira; Paulo Cesar Soares, especialista em gestão e relações intercooperativas da Casa Cooperativa; Gabriela Riboli, analista de inovação do Complexo.lab; Dagoberto Trento e Julia Frank representaram a Innoscience. Gustavo Mendes, cofundador da Coonecta, participou remotamente por meio de um vídeo.
A operação do AceleraCoop
A primeira edição do AceleraCoop está com inscrições abertas para as cooperativas associadas à Sicredi Pioneira até o dia 17 de novembro de 2023. Dentre elas, até 12 cooperativas participarão de um pitch e quatro serão escolhidas para integrar a aceleração.
O processo de aceleração durará cinco meses e vai ser composto por seis etapas, que são:
- Diagnóstico: tem o objetivo de entender as dores da cooperativa e oportunidades de negócios e inovação.
- Imersão: aprofundar na compreensão da dor identificada e estruturar o projeto de aceleração.
- Mentorias coletivas: três encontros presenciais com mentores externos de temas que atendem todas as cooperativas e fomentar a intercooperação.
- Mentorias individuais: momento de personalização do projeto de cada uma das quatro com formato híbrido.
- Execução do piloto: momento de colocar a mão na massa, gerar uma lista de atividades para atingir a oportunidade mapeada e fazer correções de rota.
- Resultados: no Gramado Summit de 2024, cada cooperativa participante vai apresentar sua jornada de aceleração e os resultados obtidos com o projeto piloto.
Critérios
A ideia do projeto é apoiar instituições que exerçam os princípios do cooperativismo. Para tanto, o projeto conta com os seguintes critérios:
- Potencial de desenvolvimento junto com o programa
- Potencial de escala
- Consistência no modelo de negócios
- Impacto nas comunidades
- Missão e propósito
- Governança e quadro societário
Acelerando o empreendedorismo cooperativista
Durante o painel de abertura do evento de lançamento do AceleraCoop, Solon Stal, Dagoberto Trento e Paulo Cesar Soares discutiram as características e oportunidades para inovar no modelo cooperativista. “Uma cooperativa pode ser uma alternativa real para que empreendedores empreendam”, argumenta Stahl.
Para ele, entretanto, os empreendedores cooperativistas devem respeitar os princípios do cooperativismo. “Se cumprir os 7 princípios, ótimo, temos uma Cooperativa com ‘C’ maiúsculo. Se não, não é uma cooperativa e a vida é curta. E daí não adianta inovar”.
Soares ressaltou o perfil coletivo intrínseco ao cooperativismo. “Tem coisas comuns a todos os empreendedores, mas o empreendedor cooperativo não está fazendo sozinho. Ele está empreendendo com a comunidade e com um propósito muito maior. A grande diferença do empreendedor cooperativista é que o suporte e a intercooperação é um grande fomento”, diz.
RadarCoop e AceleraCoop
Gustavo Mendes, da Coonecta, explicou como RadarCoop e AceleraCoop se relacionam. “A ideia do RadarCoop é, primeiro, mapear não só as cooperativas empreendedoras e inovadoras, mas também mapear todas as organizações que valorizam o cooperativismo para uma economia mais justa”.
O ecossistema cooperativista de inovação e empreendedorismo funciona de um jeito diferente do que o ecossistema de startups, afinal, diz Mendes. Depois do mapeamento, o objetivo é promover e conectar esse ecossistema.
“O RadarCoop, então, é o topo de funil para o AceleraCoop, que é o meio de funil”, explica Gustavo Mendes. “Todo mundo que participa do AceleraCoop – e todo mundo que empreende no cooperativismo – pode usar o RadarCoop para ter um mapa do ecossistema”, completa.
Um unicórnio cooperativo
Solon Stahl descreve a Sicredi Pioneira como uma startup que virou um unicórnio – termo usado para descrever startups que valem mais de 1 bilhão de dólares. No entanto, o critério para definir uma cooperativa como unicórnio não deve ser o mesmo.
Para Paulo Cesar Soares, o critério deve ser o impacto. “O unicórnio representa o sonho de criar algo bom para quem está criando o negócio e para a comunidade. O negócio cooperativo é transformador e age na comunidade. O diferencial é gerar riqueza para a comunidade e as pessoas”.
O AceleraCoop pode, portanto, criar novos unicórnios cooperativos? Solon responde: “Não é o objetivo, mas pode. Ser um unicórnio pode ser uma consequência. Contudo, a cooperativa existe para atender à necessidade do associado”.